Visitar um país tão diferente como o Marrocos pode ser uma experiência das mais marcantes.

Prepare-se para uma viagem que vai abrir seus horizontes e presenteá-lo com um espetáculo cultural. Assim é o Marrocos, um dos países africanos mais visitados pelos turistas, que se perdem pelas sedutoras ruelas de suas cidades e vivem experiências mágicas no lendário Deserto do Saara. Seja por ter servido de cenário para produções famosas – como a novela brasileira O Clone, o grande clássico Casablanca e o sucesso Game of Thrones – ou por sua proximidade da Europa e preços baixos, o Marrocos habita o imaginário das pessoas como uma terra exótica e convidativa. E é verdade!

Antigo protetorado francês, o país é um reino independente desde 1957, mas você ainda vai poder se comunicar em francês pelas ruas marroquinas. A língua é ensinada em todas as escolas e muito usada, apesar de os idiomas oficiais serem o árabe e o berbere, dialeto do antigo povo nômade que já habitava a região antes de o país ser criado. Porém, seguindo sua tradição de comerciantes, os marroquinos também arriscam outros idiomas — até mesmo o espanhol aparece por lá, nas regiões mais próximas do Estreito de Gibraltar e do Mediterrâneo, além do inglês nos pontos turísticos. A geografia local também é bem variada, com litoral no Mar Mediterrâneo e no Oceano Atlântico, mas uma extensa região montanhosa. Grande parte do país está a mais de 2 mil metros acima do nível do mar.

UMA AVENTURA CULTURAL ÚNICA

Livre-se dos preconceitos antes de entrar no Marrocos. Lá, você terá a chance única de testemunhar uma riqueza cultural diferente de tudo o que você conhece. Caminhando pelas ruas, você verá pessoas que se mantêm muito fiéis às tradições religiosas: mulheres vestindo burcas, orações várias vezes ao dia e comida sendo servida em pratos coletivos (e sem talheres). Como a maior parte da população é muçulmana, o país nos presenteia com a bela arquitetura de suas mesquitas e, para nossa sorte, algumas podem ser visitadas por quem não pertence a essa religião.

No entanto, o Marrocos é considerado um país muçulmano muito liberal, certamente por influência de sua proximidade com a Europa. Por isso, é possível ver muitas mulheres sem véu,
e as turistas não precisam obrigatoriamente cobrir os cabelos. No entanto, todas devem procurar evitar roupas com decotes, muito curtas ou sem mangas. O povo marroquino é muito hospitaleiro, o que tornará a sua viagem ainda mais agradável. Apesar do apego à tradição, também está se abrindo para elementos da cultura ocidental — os mais jovens principalmente. O país já tem clubes e bares onde até roupas mais curtas são aceitas. Por outro lado, ainda há um pequeno grupo de pessoas mais velhas que vivem no deserto e nas montanhas de forma tão tradicional que falam apenas o idioma berbere!

E esteja pronto para pechinchar. Nos mercados e nos souks (mercados tradicionais), o belo artesanato local não vem sem uma boa negociação. Os simpáticos vendedores sempre pedem um preço muito alto, pois esperam que você rebata com um valor menor e ambos cheguem a um meio-termo. Não vale pedir um preço baixo demais, mas você também não vai querer aceitar a primeira proposta.

JOGOS DE SABORES

Um dos pontos altos da sua viagem com certeza será se aventurar pela gastronomia marroquina. Fruto de uma mistura de influências vindas de árabes, franceses, ibéricos e nômades
do deserto, ela conta com pratos incrementados pelas saborosas especiarias, como açafrão, gengibre, canela e sésamo. Um dos pratos mais tradicionais é o tajine — que, na verdade, é o nome do recipiente de barro onde ele é preparado. Trata-se de um ensopado de carne, frango ou ovelha acompanhado do pão marroquino. Ele costuma ser consumido às sextas-feiras ou nos dias de festa, mas você vai encontrá-lo nos restaurantes sempre que quiser. Outro ícone da cozinha local é o cuscuz marroquino, o prato típico da quinta-feira, feito com sêmola de trigo, legumes, frutas secas e, às vezes, carnes. Tanto o cuscuz quanto o tajine podem ser provados em diferentes variações, o que torna a experiência ainda mais interessante. Nos doces, espere ver uma presença marcante
do mel, inclusive em versões dos tradicionais ghoribas (biscoitinhos de amêndoas). E não se preocupe: embora o costume por lá seja comer com as mãos, os restaurantes costumam oferecer talheres para os turistas se sentirem mais à vontade.

Mais difícil, porém, será encontrar bebidas alcoólicas. Por ser um povo de maioria islâmica, os marroquinos não podem consumir álcool, embora se saiba que muitos fazem isso às escondidas. Assim, a não ser pelas grandes redes de supermercados nas cidades principais, será complicado conseguir uma dose, mesmo em cafés, bares e restaurantes. Mas fique atento: mesmo que você consiga comprar uma garrafa, não é permitido beber nas ruas. No entanto, isso não será um problema depois que você provar o característico chá de menta. Ele está tão entranhado na cultura do
país que você será convidado a tomá-lo a todo momento. Se não for muito fã de açúcar, avise antes de ser servido, já que o chá de menta marroquino vem adoçado ao extremo. O chá verde também é muito popular e ambos são diuréticos (desde que sem açúcar) e calmantes. Dizem que os responsáveis por espalhar o hábito de beber chá pelo Marrocos foram os ingleses, que, no século XVIII, deixaram nos portos do país um carregamento de chá vindo da Ásia. Seja verdade ou não, agora essa bebida é a mais consumida por lá.

A CIDADE DOS PIRATAS

A capital do país, Rabat, é um excelente ponto para começar a explorar a rica história do Marrocos. Curiosamente, no século XVII, o local era um território independente, cuja população praticava a pirataria. Apesar de os governantes do país terem encerrado esse ciclo em 1818, a atividade não parou por completo, e a cidade chegou a ser bombardeada após piratas locais terem capturado um navio austro-húngaro. Rabat já era a capital na época do domínio francês e é a residência oficial do rei Mohammed VI. Por isso, apesar de todas as grandes cidades terem um palácio para receber o governante, é no de Rabat que ele fixou sua moradia principal. Não é permitido visitar o interior desta construção, mas é interessante conhecer por fora o prédio que abriga o rei e outros órgãos estatais, além de visitar o belo jardim de inspiração andaluz que fica ali perto.

Passe também no Mausoléu de Mohamed V, onde o primeiro rei do Marrocos independente e seus dois filhos estão sepultados. A sala do túmulo está aberta aos turistas e, além da bela arquitetura, o mausoléu ainda atrai os fotógrafos por conta da guarda real uniformizada, que está sempre presente. A Torre Hassan é uma das estruturas mais conhecidas da cidade, construída no século XII. A intenção era fazer dela o minarete mais alto do mundo, mas a construção nunca foi terminada. A mesquita da qual ela fazia parte foi destruída no terremoto de 1755, que atingiu Portugal e também foi sentido no Marrocos. Apenas a torre e vários pilares menores sobreviveram. Outra visita encantadora é a casbá, a cidadela murada de Rabat. Uma área cercada de muralhas, onde está a mesquita mais antiga da cidade, que foi restaurada no século XVIII por um pirata da região. Visite também o Museu Oudaias (museu de joalheria, dentro da casbá) e os Jardins Andaluzes, que o circundam.

A medina (centro histórico) de Rabat é um dos destaques da viagem. Diferente das medinas labirínticas de outras cidades, essa é fácil de explorar, pois foi construída em forma geométrica. Lá dentro estão os palacetes dos diplomatas, a Grande Mesquita de Rabat, o bairro judeu e a Rua dos Cônsules, que costumava ser o centro diplomático. Para completar o passeio com um toque inusitado, siga para Chellah, uma necrópole (cemitério) amuralhada construída por cima de uma antiga cidade romana pelo sultão Abu al-Hassan Ali. Você pode andar pelas ruínas do local, passando por minaretes, templos romanos, mesquitas e túmulos, sempre acompanhado pelas cegonhas que fizeram dali seu lar.

EXPLOSÃO DE SENSAÇÕES

A cidade mais turística do Marrocos é, sem dúvida, Marrakesh. Chamada de Cidade Vermelha por conta do tom terracota de muitas de suas construções,ela é a que mais oferece facilidades e entretenimentos modernos, como restaurantes e resorts de luxo, cassinos e clubes. No entanto, isso não faz com que perca a sua essência nem abandone as tradições. Um exemplo perfeito é a praça Jamaa el Fna, onde dizem que tudo acontece. E acontece mesmo. Prepare-se para uma confusão de encantadores de serpentes, domesticadores de macacos, músicos, dançarinos, restaurantes e barracas de comida durante o dia. À noite, também é um ótimo horário para visitá-la, quando tendas de restaurante móveis são montadas e o comércio se divide em setores temáticos.

A medina de Marrakesh é enorme e não é má ideia ter um guia para ajudá-lo a se deslocar por ali. Patrimônio Mundial da Unesco desde 1985, ela tem uma separação entre áreas residenciais e comerciais e conta também com o Museu de Marrakesh, que abriga uma interessante coleção de peças de arte, livros históricos e moedas e está no Palácio Mnebhi, cuja arquitetura andaluza também vale a visita. Perto dali está a Madraça Ben Youssef, uma escola religiosa do século XIV, aberta ao público. Os diversos souks (mercados) espalhados pela medina são outra atração imperdível!

Fora da medina, a visita mais surpreendente talvez seja ao Jardim Majorelle, criado pelo artista francês Jacques Majorelle, que morou ali nos anos 1930. Em 1980, o estilista Yves Saint Laurent e seu companheiro, Pierre Bergé, compraram o lugar, restauraram e o abriram ao público. Saint Laurent até pediu que suas cinzas fossem espalhadas pelo jardim. Lá existem plantas de todas as partes do mundo compondo a paisagem com a bela cor de azul das paredes e lindos jogos de luz e sombra. Também há um museu de artefatos berberes no local. Continuando sua visita a Marrakesh, veja também a mesquita Koutoubia, cujo minarete é o ponto mais alto da cidade e que, ao pôr-do-sol, forma o cenário perfeito para fotos deslumbrantes. Vale a pena, ainda, uma visita às ruínas do Palácio Badii, do século XVI, bem como ao imponente Palácio Bahia, do século XIX.

A GRANDE MESQUITA

A maior cidade marroquina e centro financeiro e industrial do país foi fundada por tribos berberes antes do século VIII, mas esteve sob o controle de Portugal e, depois, da Espanha. Em 1755, após o grande terremoto, os europeus partiram de lá e o sultão Mohammed ben Abdallah reconstruiu Casablanca. Caminhar por suas ruas é uma experiência que enche os olhos, já que sua arquitetura foi inspirada em Marselha, o que deixou muitas construções em estilo art déco e art nouveau pelos seus bairros. O grande ponto turístico é, sem dúvida, a Mesquita Hassan II. Ela é a segunda maior mesquita do mundo e, para nossa sorte, permite a entrada de não muçulmanos, desde que usem roupas que cubram os ombros e os joelhos. Sua estonteante arquitetura é inesquecível: o mármore de suas paredes é todo ornamentado, os pilares são de granito e ônix e o chão polido funciona como espelho para toda a sua grandiosidade. Seu minarete, o mais alto do mundo, tem 120 m, no subsolo há 40 fontes de mármore para os muçulmanos lavarem os pés e as mãos em um ato de purificação e ela comporta até 25 mil fiéis, com espaço para os homens no salão principal e, para as mulheres, no mezanino que o contorna. A medina de Casablanca é uma visita diferente da de outras cidades, já que é mais autêntica: ela sofreu menos os efeitos do turismo e, por isso, conserva-se mais tradicional. Passe por lá, ela não é muito grande e é fácil se deslocar em seu interior. Depois, se quiser um gostinho da modernidade, entre no Morocco Mall, um gigantesco espaço de 200 mil metros quadrados que é o maior centro comercial da África. Esse grande shopping center também tem um enorme aquário cilíndrico, o Aquadream, para que você observe os animais por todos os lados e, se tiver coragem, arrisque um mergulho com um instrutor.

Na hora de relaxar, passeie pela Corniche, a avenida à beiramar, e aproveite o frescor da brisa. Aliás, se praia for a sua paixão, estará no lugar certo. Casablanca oferece desde dias tranquilos
tomando sol até esportes como mergulho, jet ski e surfe. E, antes de ir embora, reserve uma mesa no Rick’s Café, inspirado naquele que serviu de cenário para o clássico Casablanca, de Hollywood. O filme foi gravado nos EUA, mas esse espaço se tornou famoso na vida social da cidade e ali você pode curtir um jazz enquanto faz sua refeição.

O PASSADO BEM PRESERVADO

Fez é uma das quatro cidades imperiais do Marrocos, junto com Rabat, Meknes e Marrakesh. E, dessas, é a mais antiga. Dizem que ela é a mais marroquina das cidades do Marrocos, a capital cultural e o núcleo histórico mais preservado. Não se sabe exatamente quandoela foi fundada, mas estima-se que tenha sido entre os séculos VIII e IX. Em 1250, ela tornou-se a capital do Marrocos e passou a se destacar nas áreas cultural e científica. Tanto que, dentro da sua medina, está a universidade mais antiga do mundo! Por ter conservado bem seu passado histórico, Fez é um prato cheio para os turistas explorarem.

Comece percorrendo a medina e sinta-se voltando no tempo. Patrimônio Mundial da Humanidade, ela é uma mistura fascinante de mesquitas, praças agitadas, riads (hotéis em palacetes) de luxo e arquitetura fascinante. Algumas vielas são muito estreitas, o que ajuda a manter o sol longe das paredes, além de servir como estratégia caso a cidade precisasse se defender. Visite a Mesquita e Universidade de Kairaouine. Apenas muçulmanos podem entrar ali, mas você pode espiar do lado de fora ou visitar a biblioteca. A universidade, que é a mais antiga do mundo e está em atividade até hoje, foi fundada pela filha de um rico comerciante no ano 859 e sempre admitiu homens e mulheres. Depois, siga para o Borj Nord (Forte do Norte), construído no século XVII. Lá dentro está o Museu Militar do Exército, com mais de 5 mil peças. Sem contar que a vista lá do alto é incrível! E passe também na Madraça Bou Inania. Essa escola religiosa, fundada no século XIX, pode ser vista quase de todos os terraços da medina e é um dos poucos lugares religiosos onde turistas podem entrar. Restaurada no século XX, ela tem uma arquitetura especialmente bela e uma mesquita  que faz parte do seu complexo. Não deixe de visitar algumas das tinturarias onde os métodos usados desde a Idade Média ainda são empregados no tingimento de peles. O cheiro é desagradável; então, vá pela manhã, quando não é tão forte.

QUASE NA ESPANHA

Coloque os pés em uma cidade onde passado e presente se mesclam: Tânger. Chamada de Cidade Branca, ela serviu de inspiração para diversos artistas, como os pintores franceses Matisse e Delacroix e o dramaturgo estadunidense Tennesse Williams. Pertinho da Europa, absorveu traços marcantes da cultura espanhola, que se juntam à tradição mourisca e à beleza natural para resultar em uma cidade apaixonante. Se estiver pensando em descansar, a orla de Tânger será o lugar ideal. Muito bonita e até parecida com as praias brasileiras, ela tem areias brancas e muito sol. Aproveite para visitar o Farol de Cabo Espartel, de onde é possível ver o encontro do Oceano Atlântico com o Mar Mediterrâneo. Já a casbá, a cidadela murada, vale a visita pelas bonitas ruas históricas refrescadas pelo vento que vem do mar. Outro lugar perfeito para conhecer mais da cultura marroquina é a medina de Tânger, com suas ruelas estreitas e moradores simpáticos, sempre dispostos a ajudar quem se perde.

Um momento especial para visitar Tânger é durante o Market Day, quando comerciantes chegam de longe em camelos trazendo especiarias. Você vai poder comprar artigos muito interessantes e praticar a arte da pechincha. Na hora de comer, busque algo inusitado e saia atrás de tapas. Esse prato espanhol foi incorporado pelos bares e pubs da cidade (os poucos espaços que vendem bebidas alcoólicas). Peça dicas a um local, pois não é tão fácil encontrar essas joias. E, se você gosta de se aventurar na natureza, não perca a Gruta de Hércules, onde, diz a lenda, o semideus da mitologia grega descansou depois de separar a Europa da África. Ela tem uma entrada por terra e uma fenda voltada para o mar, além de galerias iluminadas que transformam o ambiente, com um visual incrível.

Respire fundo — essa será uma viagem intensa e inesquecível.

 

Visitar um país tão rico e tão diferente do nosso é um dos melhores presentes que podemos dar a nós mesmos. Percorrer as medinas, as casbás e os souks não pode ser comparado a nenhum outro roteiro. O Marrocos é uma terra de encantos e surpresas, temperada de especiarias e cores.

Respire fundo — essa será uma viagem intensa e inesquecível. Visitar um país tão rico e tão diferente do nosso é um dos melhores presentes que podemos dar a nós mesmos. Percorrer as medinas, as casbás e os souks não pode ser comparado a nenhum outro roteiro. O Marrocos é uma terra de encantos e surpresas, temperada de especiarias e cores.

NÔMADES NO DESERTO

Apesar das praias e das montanhas, é difícil visitar o Marrocos e não querer se aventurar pelo Deserto do Saara. Montados em camelos, os turistas vivem uma experiência que existe nos sonhos de muitas pessoas. Complete o passeio passando a noite em um acampamento no deserto, com direito a se sentir um verdadeiro berbere, mas com confortos modernos, como camas e banheiros. E não se engane, a temperatura à noite cai bastante; então, leve roupas quentes.

Uma das áreas mais famosas a visitar é Dakhla, a oeste. Turistas de todo o mundo fazem o passeio, observando a vida dos nômades e passando a noite sob as estrelas. E o céu noturno do deserto é diferente de tudo o que você conhece! Veja também as Dunas de Erg Chegaga, que são as maiores em comprimento, e a cidade de Figuig, um oásis recheado de árvores de tâmaras. Outro ponto especial são as Dunas de Erg Chebbi, a sudoeste, perto da fronteira com a Argélia. Elas são as mais altas e dizem que suas areias aliviam as dores do reumatismo. Não estranhe ao saber que as pessoas são enterradas até o pescoço e, depois, saem de lá dizendo que estão muito melhores!

A URBI OFERECE: